domingo, 7 de novembro de 2010

Escritores manifestam repúdio a veto do CNE em livro de Monteiro Lobato

Escritores manifestam repúdio a veto do CNE em livro de Monteiro Lobato

Agência Brasil

Publicação: 06/11/2010 18:23 Atualização: 06/11/2010 18:25

Seis escritores brasileiros dedicados à literatura infantojuvenil manifestaram, ontem (5/11), em nota, seu desagrado e desacordo ao veto do Conselho Nacional de Educação (CNE) ao livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. A nota é assinada pelos escritores Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Ziraldo, Lygia Bojunga, Pedro Bandeira e Bartolomeu Campos de Queirós.
Sob o título Lobato, Leitura e Censura, os autores lembram que as criações de Monteiro Lobato “têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino”.
Afirmam ainda que “a maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro”.
Também a Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual é membro uma das signatárias da nota, a escritora Ana Maria Machado, se posicionou contrária à tentativa de censura ao livro Caçadas de Pedrinho. Em reunião plenária na tarde de ontem (4), os acadêmicos manifestaram repúdio “contra qualquer forma de veto ou censura à criação artística” e apoiaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, que foi contrário à determinação do CNE.
De acordo com a decisão dos acadêmicos, em nota divulgada hoje pela assessoria de imprensa da ABL, “cabe aos professores orientar os alunos no desenvolvimento de uma leitura crítica. Um bom leitor sabe que Tia Anastácia encarna a divindade criadora dentro do Sítio do Picapau Amarelo. Se há quem se refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afrodescendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica”.
Na nota, a ABL sugere que, em vez de proibirem as crianças de conhecer a obra, os responsáveis pela educação fariam melhor se estimulassem os alunos a uma leitura mais aprofundada. Para os acadêmicos, é necessário aos professores e formuladores de política educacional ler a obra infantil de Lobato e se familiarizar com ela. “Então saberiam que esses livros são motivo de orgulho para uma cultura, e que muitos poucos personagens de livros infantis pelo mundo afora são dotados da irreverência de Emília e de sua independência de pensamento”.
A nota conclui com a afirmação de que “a obra de Monteiro Lobato, em sua integridade, faz parte do patrimônio cultural brasileiro” e com um apelo ao ministro da Educação no sentido de “que se respeite o direito de todo o cidadão a esse legado e que vete a entrada em vigor dessa recomendação”.

Esta matéria tem: (2) comentários

Autor: Ana Montalvan
Esse é o resultado de estar esse 'nosso' brasil (com b minúsculo) estar chefiado por um ignorante que se gaba de nuncar ter lido um livro!!

Autor: renato barros
o veto de ter ter partido dessa cambada de ignorantes preconceituosos que a turma de pretalhas enfiou no CNE.gente sem cultura , que quer cercear tudo que eles nao entendem.fora turma de proxenetas do dinheiro publico xo xo xo........

Um comentário:

Luciane reis disse...

Gostaria de saber destes editores, qual as crianças que não tiveram suas mentes deturpadas por este escritor racista? Parabenizo a Cne por ter tido coragem de tomar uma decisão tão importante para as crianças negras brasileiras.Deixo também o meu repúdio e indignação ao secretário da Seppir pelo posicionamento tomado prova de que não basta ser " negro" é preciso não ter medo e no caso dele este se fez bastante presente...Vida longa a CNE QUE TEVE A CORAGEM QUE FALTA A MUITOS ORGÃOS NO BRASIL.