sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Reparação nos Estados Unidos: o processo já começou – parte 1

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Reparação nos Estados Unidos: o processo já começou – parte 1

Posted by alaiONline on novembro 20th, 2014

” O Juízo Final: a revisão da Escravidão ”

Por Amy Goodman & Juan González
raduzida por Ana Alakija para oalaiONline

Ta-Nehisi Coates é escritor, jornalista, blogger, educador e editor da revista virtualThe Atlantic , onde escreve sobre cultura e questões sociais e politicas. Um ensaio feito por ele na edição de junho da revista reacendeu um debate nos Estados Unidos sobre reparação da escravidão e pelo racismo institucional. Coates explora como a escravidão, a segregação imposta pelo regime Jim Crow e a política habitacional federal apoiaram o roubo sistemático de posses dos afro-americanos, impedindo os mesmos de acumular riquezas, de gerações a gerações. Grande parte do ensaio está centrado nos esquemas de empréstimos predatórios que fraudaram potenciais proprietários afro-americanos. Ele concluiu: “Se contar as dívidas morais, a América inteira não será suficiente [para pagar]”. Desde então Coates tem realizado conferências pelo país, contactado políticos, assistido comunidades e escrito uma série de outros ensaios e artigos pedindo reparação, por exemplo, para a comunidade de Ferguson, pela morte de Michael Brown. Clique aqui para ver a entrevista original em inglês para o Democracy Now feita por Amy Goodman & Juan González. Esta é uma transcrição do rush disponivel em inglês e  traduzida  para o português por Ana Alakija . O ensaio original de Ta-Nehisi Coates , em inglês, sobre o Processo da Reparação nos Estados Unidos na The Atlantic pode ser acessadoaqui. Esta é a parte1 em português da entrevista. A parte 2 em português pode ser acessada aqui.

 

 

AMY GOODMAN: “O Processo de Reparação: Duzentos e cinquenta anos de escravidão. Noventa anos de Jim Crow. Sessenta anos de ‘separados, mas iguais’. Trinta e cinco anos de ‘política de habitação racista’. Se contar as dívidas morais, a América inteira não será suficiente. ” Assim começa uma nova reportagem-bomba de capa na edição de junho da revista The Atlantic assinada pelo ensaísta Ta-Nehisi Coates. O artigo está reacendendo uma discussão nacional sobre as reparações pela escravidão norte-americana e racismo institucional.

JUAN GONZÁLEZ: No artigo, Ta-Nehisi Coates expõe como a escravidão, a segregação de Jim Crow e a política habitacional federal apoiaram sistematicamente o roubo dos afro-americanos de suas posses e impediu os mesmos de acumular riqueza entre gerações. Grande parte da peça centra-se em esquemas de empréstimos predatórios que fraudaram potenciais proprietários  mutuários afro-americanos. Este é um vídeo que The Atlântic lançou para pré-visualizar a sua nova reportagem de capa, “O Processo de Reparação.”

Billy Lamar Brooks: “Esta área aqui representa a mais pobre dos pobres na cidade de Chicago”.

Mattie Lewis: “Eu sempre quis ter minha casa própria, porque eu trabalhei para pessoas brancas quando eu estava no sul, e elas tinham belas casas, e eu sempre disse que um dia eu ia ter uma”.

Jack Macnamara:”Os brancos criaram o gueto. É horrível admitir isso. Mas este é o melhor exemplo que eu posso dar sobre racismo institucional”.

JUAN GONZÁLEZ: Para falar sobre Reparação, estamos aqui agora com Ta-Nehisi Coates em New York City. Bem-vindo ao Democracy Now!

TA-NEHISI COATES: Muito obrigado por me receber.

JUAN GONZÁLEZ: Você começa seu arigo com um personagem particular, Clyde Ross.

TA-NEHISI COATES: Sim.

JUAN GONZÁLEZ: Conte-nos a história e por que você decidiu começar com ele.

TA-NEHISI COATES: Mr. Ross é apenas emblemático para o que aconteceu com os afro-americanos do século 20. Mr. Ross nasceu na região do Delta do Mississípi. Sua família não era particularmente pobre; eles eram agricultores proeminentes. Eles tiveram suas terras e praticamente todos os seus bens tomados através de um esquema de impostos supostamente restituíveis e que foram reduzidos a parceria. No sistema de parceria, não havia nenhum tipo de garantias sobre o que eles poderiam tomar versus o que eles realmente tomaram.

Quando eu conheci Mr. Ross, a primeira coisa que ele me disse foi que ele deixou Mississippi para Chicago, porque ele estava procurando a proteção da lei. Eu não entendi muito bem o que ele quis dizer com isso, mas quando ele me explicou, ele disse: “Não havia juízes negros, promotores negros, nenhum policial negro. Basicamente, nós não tivemos nenhuma lei. Nós éramos ‘bandidos’. As pessoas podiam tirar de nós o que quisessem “. E isso aconteceu muito no início da sua vida.
Ele foi para Chicago pensando que as coisas seriam um pouco diferente. Na superfície, elas eram. Ele conseguiu um emprego, se casou. Teve uma vida decente e basicamente procurou mais um emblema da classe média americana nos anos do governo de Eisenhower, ou seja, a casa própria.
Infelizmente, devido à política do governo, Mr. Ross na época, como a maioria dos afro-americanos em todo o país, não foi capaz de contrair um empréstimo, devido às políticas bancárias de risco que decidiam a quem emprestar dinheiro. Houve um amplo consenso geral de que os afro-americanos, por nenhuma outra razão além de encoberta pelo racismo, não poderiam ser mutuários responsáveis.
Mr. Ross, como acontece com as pessoas quando são empurradas para fora do mercado de crédito legítimo, acabou no mercado de empréstimo ilegítimo e entrou num sistema de compra de contrato, que é um esquema bastante oneroso, de alugar casa para pessoas que estão procurando comprar; ele acabou por comprar uma casa, eu acredito que por US $ 27.000. A pessoa que vendeu a ele tinha comprado a casa seis meses antes por US $ 12.000. Mr. Ross mais tarde se tornou um ativista, ajudou a formar a Liga de Compradores, em defesa dos afro-americanos proprietários deimóvei a oeste de Chicago. Estima-se que, durante nesse período, 85 por cento dos afro-americanos querendo comprar casas em Chicago fizeram isso através da modalidade de compra de contrato.

JUAN GONZÁLEZ: Vamos agora ouvir Clyde Ross em suas próprias palavras, falando em 1969, em nome dos compradores da Liga de Contratos, uma coalizão de proprietários negros no sul e oeste de Chicago, os quais haviam sido ‘trancados’ em um mesmo sistema de empréstimos predatórios .

Clyde Rossi: “Nós temos sido enganados muito aquém do dinheiro. Temos sido enganados aquém do direito de sermos seres humanos em uma sociedade. Temos sido enganados aquém de podermos comprar casas a um preço decente. O tempo é agora. Temos a chance agora. Os compradores da Liga de Contrato apresentam uma chance para as pessoas desta área sairem deste aperto da sociedade, para moverem-se, estarem com seus próprios dois pés, serem seres humanos, lutarem por aquilo que você sabe que é certo. Lutem!”

AMY GOODMAN: Ta-Nehisi Coates, você pode falar sobre este exemplo, e outros consideráveis, e em seguida, sobre o projeto de lei de Reparação que foi introduzido pelo deputado John Conyers na Câmara, e quais reparações seriam na verdade?

Coates nasceu em 1975 e cresceu em Baltimore, Maryland. Seu pai, William Paul Coates, um veterano da Guerra do Vietnã e ex-Pantera Negra tinha uma pequena editora especializada em estudos afro-americanos. Sua mãe, Cheryl, era o ganha-pão da família. A influência de seu pai e sua experiência de vidaf requentando escolas na conturbada West Baltimore é contada no seu livro The Beautiful Struggle (A luta bonita), publicado em 2009. Ele abandonou a graduação na Howard University para seguir o Jornalismo. Coates é o 13o. professor visitante Martin Luther King 2012 do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e colunista convidado para o New York Times, depois de ter recusado uma oferta deles para se tornar um colunista regular. Ele também escreveu para outros jornais.

TA-NEHISI COATES: O que é importante estabelecer é que há uma maneira convencional de falar sobre as relações entre a comunidade afro-americana e a comunidade branca na América e é o que eu chamo, basicamente, de visão do problema do racismo nos Estados Unidos. Os negros querem sentar em uma mesa e os brancos querem sentar em outra mesa. Se pudéssemos chegar a um ponto que as pessoas negras e brancas se gostassem, tudo estaria resolvido.
Na verdade, até mesmo esses termos que estamos usando, negro e branco, são invenções do racismo. Se você rastrear a história por volta de 1619, a melhor maneira de descrever como era a relação entre negros e brancos é através da pilhagem, do roubo constante do trabalho dos negros, que vai da escravidão e se estende através da politica de Jim Crow; em alguns casos, o roubo descarado de filhos das pessoas e da venda de crianças, a tomada do corpo negro por qualquer lucro que você pode obter através do Jim Crow do sul, onde você tem um sistema de escravidão pela dívida, parceria, o que realmente não é muito diferente da escravidão; tirando a venda real das crianças, você está ainda sob exploração do trabalho que tira o máximo que puder, um sistema como ‘separados mas iguais’, no movimento dos direitos civis, que tradicionalmente, você sabe, destina as fontes de água para os de cor e banheiros só para os brancos. O que as pessoas tem que lembrar é que, num estado como Mississippi ou em qualquer lugar do sul, onde você tem um sistema universitário público, os negros estão pagando por isso. Os negros estão cumprindo a sua fidelidade ao Estado, e ainda assim eles não estão recebendo o mesmo retorno. Isto é roubo. E sistematizado.
Estamos tentando falar sobre isso com praticidade, a lei. Foram quase 16 mil palavras apenas para fazer o processo. Agora é apoiar o projeto de lei do deputado John Conyers, “H.R. 40”, para saber de fato qual o legado da escravidão para os negros e como isto pode ser remediado legalmente. Eu não estou tentando driblar sua pergunta, o que quero dizer é que é preciso calcular o que foi a escravidão. Nós temos que calcular o que foi o Jim Crow. Nós temos que calcular o que perdemos pelas politicas de empréstimos de risco, chegar a algum valor e, discutir se pode ser pago; se não, o que pode ser feito no lugar disso.

JUAN GONZÁLEZ: E quando você menciona o saque sistêmico, isso não é história antiga?

TA-NEHISI COATES: Não, não, não é.

JUAN GONZÁLEZ: Na mais recente…

TA-NEHISI COATES: Não, não.

JUAN GONZÁLEZ: …crise econômica no país, houve uma enorme redução de riqueza…

TA-NEHISI COATES: Certo.

JUAN GONZÁLEZ: -…de afro-americanos no país, como resultado da crise da habitação. E a narrativa conservadora retrata que a crise imobiliária foi causada …por políticas de ações afirmativas, por ‘Fannie Mae’ e ‘Freddie Mac’ [fundos criados para amortização de moradia durante a Grande Depressão] para torná-la executável…para os afro-americanos com redução de crédito para obter empréstimos. Fale sobre isso e essa enorme perda de riqueza que ocorreu recentemente.

TA-NEHISI COATES: O grande sociólogo Douglas Massey tem um documento muito interessante especificamente sobre a crise de execução das hipotecas (esse é o nome correto) que aconteceu muito, muito recentemente. E uma das coisas que ele demonstra no documento é que a única coisa que tornou isso possível foi a segregação. Enão faz todo o sentido. Nenhuma comunidade é a comunidade mais segregada no país como a comunidade afro-americana. Corresponde a uma população de pessoas que têm sido tradicionalmente excluída do mercado de oportunidades de construção de riqueza. Por isso esta ansiedade agora para ter oportunidades de construção de riqueza. Se você é um banqueiro, quer vender um esquema e tirar alguém da jogada, ali estão as suas marcas. E isso é essencialmente o que aconteceu.

AMY GOODMAN: Ta-Nehisi, eu queria ir para essa questão das reparações e dos exemplos, por exemplo, depois do Holocausto, a Alemanha e os judeus. Você pode falar sobre como essas reparações aconteceram?

TA-NEHISI COATES: Reparação para os afro-americanos implica em todos os tipos de problemas práticos que teremos que lidar e lutar sobre. Uma das coisas que muitas vezes as pessoas dizem sobre a Reparação afro-americana é: “Bem, oh, você está apenas falando sobre a escravidão. Isso foi há muito tempo”, como se se nós estivéssemos falando sobre a mais próxima ou mais presente seria muito mais fácil. Na verdade, se ela estivesse mais próxima, seria uma realidade muito mais dura para as pessoas. O que eu quero dizer é que, no caso da reparação de Israel, a única mais citada, a Reparação não foi a mais correta. Ela foi difícil para alguns israelenses que não queriam se sentir como se eles estivessem tomando um dinheirinho por fora de mães ou irmãos, ou avós que ‘apenas tinham sido mortos’. Na Alemanha, na verdade, se olharmos para as pesquisas de opinião pública na época, eles não eram mais ‘alemães’, no sentido do passado, não estavam mais aptos a assumir a responsabilidade hoje que os norte-americanos representam para a escravidão. Então, foi uma peça muito, muito difícil.
O que é interessante, e eu acho que é uma das lições que podem ser aprendidas, é a forma como a Reparação para os israelistas foi estruturada. Na verdade, a Alemanha não só deu um cheque para Israel. O que eles realmente fizeram foi darvouchers. E esses vales, que valiam uma certa quantidade de dinheiro, tinham que ser usados com empresas alemãs. Então, essencialmente, o que foi estruturado como Reparação a Israel foi um estímulo para a Alemanha Ocidental, ao mesmo tempo. E isso nos dá alguma pista sobre algum tipo de solução criativa que possa haver para a comunidade afro-americana.

JUAN GONZÁLEZ: Agora, uma das questões que também levantam é que essa demanda de Reparação não é nova na história americana em si.

TA-NEHISI COATES: Não.

JUAN GONZÁLEZ: Você fala sobre Belinda Royall, que em 1783…tinha sido uma escrava por 50 anos, tornou-se uma mulher liberada. Ela pediu Reparação ao Estado de Massachusetts…

TA-NEHISI COATES: Certo… Eu acho que as pessoas – pessoas negras – pensam nisso como algo que aconteceu há 150 anos, e foi, Reparação é basicamente tão antiga quanto este país. E não é só, como você mencionou, Belinda Royall, mas também pessoas brancas que entenderam naquele momento que algum grande dano tinha sido feito. Muitos dos serviços religiosos, por exemplo, poderiam excomungar pessoas que não liberassem seus ‘escravos’; no contexto atual, dariam alguma coisa, como indenização. Uma grande citação de Timothy Dwight, ex-presidente da Universidade de Yale, diz: “Libertar essas pessoas e dar-lhes nada implica numa maldição sobre elas”. E efetivamente foi isso que aconteceu, você sabe, veja a realidade afro-americana… Muitas, muitas pessoas da geração revolucionária, a geração que lutou na Guerra Revolucionária, entendeu que a escravidão era de alguma forma, uma contradição do que a América estava dizendo que era. E muitas dessas pessoas também, no mínimo, deram a terra para os afro-americanos, quando eles foram liberados. Alguns deles educaram. Essas pessoas entenderam que empurrar alguém para a vida selvagem, que é basicamente o que aconteceu com os negros, não seria uma coisa boa.

AMY GOODMAN: Ta-Nehisi Coates, muito obrigado por estar conosco. Nós vamos fazer a parte dois logo após o show, e vamos publicá-la online no Democracy Now.

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